Minorias abraâmicas – João Baptista Herkenhoff
A expressão minorias abraâmicas foi criada por Dom Helder Camara.
Na política, nas igrejas, nos espaços sociais em geral, a minoria não comanda.
Numa visão pragmática, a minoria deve submeter-se à maioria, ainda que essa maioria escravize a minoria.
Através da TV, das emissoras de rádio e dos jornais, podemos tomar conhecimento dos resultados das pesquisas de opinião.
Se as pesquisas forem honestas registrarão o pensamento majoritário e o pensamento minoritário.
Dom Helder foi arcebispo em Olinda e Recife nos tempos da ditadura de 1964.
Antes tinha exercido o múnus episcopal no Rio de Janeiro.
Sua saída ou expulsão da mais importante e influente cidade do país não foi explicada, nem tinha de ser explicada, pois Roma detinha, como ainda detém, o poder de mandar um Bispo para onde queira.
Certo é que Dom Helder foi mal compreendido, tanto pela sociedade dominante, quanto por membros da própria Igreja a que pertencia.
Do seu exemplo e de suas palavras podemos extrair lições perenes.
Dom Helder nos ensinava que quanto mais escura fosse a noite, mais luminosa poderia ser a madrugada que anuncia o novo dia.
Isso fazia com que nunca desanimasse diante das dificuldades que enfrentava,
tanto no nível social e político, como nas relações eclesiais.
Ele acreditava na promesssa do profeta bíblico: “o deserto se transformará em jardim”.
Mesmo aquilo que, no mundo e ao redor de nós, parece uma situação impossível de ser transformada, pode sim ser superada através do pensamento e do trabalho de base.
Dom Helder dizia que Deus deu ao ser humano o poder e a responsabilidade de não se conformar com o sofrimento do inocente, mas de combater o mal e a injustiça.
Dom Helder dizia:
“Nenhuma felicidade pode basear-se na infelicidade dos outros, porque ofenderia o sentido de justiça que diz respeito a todos (…) Deus deu ao ser humano o poder e a responsabilidade de não se conformar com o sofrimento do inocente, mas de combater o mal e a injustiça. O mundo não mudará pela ação isolada de líderes esclarecidos e sim pelo empenho comunitário de grupos de resistência e de profecia que se consagrem a transformar o mundo a partir de uma profunda convicção de fé no ser humano e na vida.”
A última palavra neste mundo não pode ser a morte mas a vida!
Nunca mais pode ser o ódio, mas o amor!
Precisamos fazer com que não haja mais desespero e sim esperança.
Nunca mais vençam as mãos enrijecidas contra o outro:
“Mãos estendidas! Unidas na solidariedade e no amor para com todos”.
Dom Helder está para ser proclamado santo – canonizado. Que alegria será isto para o povo brasileiro!
*João Baptista Herkenhoff
Texto publicado em:
Minorias abraâmicas – João Baptista Herkenhoff