Em 2026, faxina geral contra os maus políticos que infestam o legislativo
Às ruas, neste domingo, 21 de setembro, contra a PEC da Bandidagem
Por Fred Ghedini*
As votações nos legislativos brasileiros, em todos os níveis, estão contaminadas por interesses pessoais (gente que só pensa em si mesma), pelos interesses de gente retrógrada, que acena com fantasmas morais em vez de tratar dos problemas reais do país, e por aqueles que compram votos para se eleger.
A prática criminosa da compra sistemática de votos nas eleições faz com que se elejam “comerciantes de votos”, em vez de políticos interessados no bem comum. A compra e a venda de votos são crimes, com penas variando de 2 a 4 anos de prisão.
Depois de se eleger comprando voto, o comerciante de votos passa a vender seus votos nas casas legislativas. Quando não vende para quem paga mais, o político de meia tigela vota em proveito próprio. O povo fica de fora desse comércio. É o político típico do chamado Centrão e da extrema-direita, embora essa pratica criminosa atinja também um espectro político mais amplo.
O pior, agora, é que também o crime organizado está aproveitando essa verdadeira “porteira aberta” para as casas legislativas.
A compra de votos está e estará sendo combatida nas três próximas eleições gerais de 2026, 2028 e 2030, pela Campanha Contra a Compra e Venda de votos, que convoca uma reunião geral para o próximo 4 de outubro, presencial (em São Paulo) e virtual.
Outros aspectos do problema
Outra parte do problema está na falta de debates públicos mais esclarecedores sobre o que cada candidato vai fazer depois de se eleger. Exemplo: um parlamentar que se candidata para “impedir o comunismo de tomar conta do Brasil” não tem vínculo com as necessidades da população. Isso porque não é o “comunismo” que ameaça o Brasil, mas a existências de uma maioria de políticos que não têm compromissos com as demandas da sociedade.
No Congresso Nacional, as seguidas votações de maiorias da dobradinha PL-Centrão, bolsonarista ou não, políticos que, em vez de olhar para o que o país precisa, faz do Legislativo uma “casa de negociatas” e visa, no final, como verdadeiros criminosos, blindar a si próprio em seus cargos e manter os benefícios dos ricos e super-ricos. Não deixam o presidente Lula governar e atacam o dinheiro do contribuinte por meio das Emendas PIX, entre outros expedientes.
E, finalmente – mas não menos importante –, a democracia sofre com o ataque sistemático perpetrado por gente da extrema direita e traidores do país, como os membros da família Bolsonaro, graças ao papel desempenhado pelas plataformas de redes sociais (Facebook; Tik Tok; X, YouTube, Instagram etc.) cujos sistemas automáticos de distribuição privilegiam as mensagens com discursos violentos, coisas de baixíssimo nível, simplificações grosseiras, falsificações da realidade, aprofundamento de ressentimentos, frustrações, recalques e preconceitos.
Há saídas
Para fazer frente a essa situação, há mais de uma saída possível. Precisamos trabalhar em várias delas, simultaneamente. Não podemos abrir mão, por exemplo, de pressionar os parlamentares a manterem de pé a legislação que exige um comportamento ético, o compromisso com os interesses do país e com as necessidades do povo. É preciso denunciar os parlamentares que votam para descaracterizar a Lei da Ficha Limpa, para aprovar a PEC das Prerrogativas (ou PEC da Bandidagem, que escancara as portas do Parlamento inclusive para o crime organizado – veja, no final, o item 6), ou que agem para anistiar os golpistas condenados no STF.
Campanhas como a que estamos promovendo agora, contra a compra de votos, também são fundamentais. Assim como as mobilizações de rua, contra a jornada 6/1, ou pela aprovação da isenção da cobrança de imposto de renda para quem ganha até R$5 mil, ou a taxação dos super-ricos. Sem deixar de lado a regulação das plataformas de redes sociais, a luta pela Soberania Digital e, neste momento, as manifestações contra a PEC da Bandidagem.
Ou seja, não podemos abandonar as ruas. Mas, não podemos, também, desprezar os espaços que conseguimos nas redes sociais.
A força do ativismo pró-democracia
Nas últimas semanas, a evolução da conjuntura permitiu aos setores da esquerda e do centro político ampliarem a presença nas redes sociais, o que tem contribuído para elevar o moral dos ativistas pró-democracia.
Porém, é preciso considerar que, para além das redes sociais, no mundo real, há algo que diferencia os que realmente se preocupam com as transformações necessárias ao país do ativismo reacionário e de extrema direita.
Os que fazemos um ativismo pró-democracia somos milhões, em milhares de grupos. É muita gente a favor da liberdade com responsabilidade e da educação política do nosso povo. Grupos que, muitas vezes, não geram o mesmo volume de tráfego na Internet que a extrema-direita, mas que têm atuação concreta no dia a dia das lutas sociais.
São pessoas e grupos de diferentes linhas ideológicas e políticas. Contudo, mesmo considerando que a diversidade é um sinal da riqueza e força da democracia, o fracionamento extremo enfraquece as forças democráticas. Por isso, nas lutas de caráter geral, é preciso unificar a ação desses grupos, superar algumas divergências.
Assim como precisamos melhorar a comunicação com a população e atacar de frente os problemas existentes, inclusive as pregações da violência, o moralismo fundamentalista, seja religioso, seja de fundo moral do tipo “defesa da família” ou com outra motivação.
Não podemos nos esquecer que, em geral, a “defesa da família” feita pela direita refere-se não às famílias reais, existentes na maior parte da população, com os problemas que todos nós temos, mas sim a uma fantasia, a família branca, conservadora, de classe média ou média alta, em que o homem “paga as contas”, a mulher é “dona de casa” e todos “vivem em plena harmonia”. Ou seja, trata-se de pura maquinação ideológica. Exclui a maioria avassaladora do povo brasileiro e não inclui praticamente ninguém, pois não passa de invenção.
Alento
O julgamento e prisão dos golpistas – o ex-presidente com seu grupo criminoso e os que participaram das depredações do patrimônio público no 8 de janeiro de 2023 – dá um alento aos que lutam contra os extremistas de direita, que transformam a política em atividade criminosa.
Contudo, é preciso estar atentos e ir além. Lutando contra a anistia para os golpistas, articulando e reorganizando nossas forças, conversando com as pessoas que ainda não perceberam estarem sendo manipuladas, vacinando o maior número possível de brasileiros e brasileiras com a vacina da razão e dos sentimentos positivos de amor à vida e a esperança de conquistarmos um Brasil e um mundo melhores.
Essas iniciativas existem, como as frentes Brasil Popular e Povo sem Medo que reúnem centenas de movimentos populares e sindicais, a articulação AGE Brasil, a Rede Democracia e Direitos Humanos, a Campanha contra a compra de votos, o Direitos Já, as organizações e movimentos que lutam pela dignidade e respeito a todo ser humano indistintamente, os movimentos ambientalistas… enfim, muitas organizações, movimentos, coletivos, campanhas e articulações que olham também para o presente e o futuro e não apenas para o passado.
Pontos chave
Educação e saúde de melhor qualidade para todos e todas, moradia como direito universal, transporte gratuito – como propõe o presidente Lula -, defesa do meio ambiente, soberania efetiva para o povo e para o Brasil diante dos ataques de Trump, mudança radical na distribuição da renda nacional. Essas são algumas das questões reais sobre as quais precisamos continuar tratando.
Portanto, nas eleições do próximo ano, além de garantir a reeleição do presidente Lula, vamos fazer uma grande e profunda faxina nas casas legislativas. Começando pelo Congresso Nacional, mas sem deixar de lado as assembleias legislativas estaduais. Em seguida, nas eleições de 2028, nas câmaras de vereadores. É por aí que vamos avançar.
Por isso, convido os/as ativistas de esquerda e os/as democratas em geral a se engajarem na campanha que começa a ser desenvolvida contra a compra de votos nas próximas eleições de 2026 e continuará nas seguintes, em 2028 e 2030.
Comece por assinar o manifesto e ampliar a divulgação da campanha. Fique atento, ainda, aos próximos passos da campanha no site de O Candeeiro, além de outros sites e endereços na internet, pois a campanha é de muita gente. Só assim, depois de atuar com afinco nas próximas três campanhas eleitorais gerais – 2026, 2028 e 2030 –, podemos esperar chegar à eleição de 2032 tornando a compra e venda de votos um problema residual na política brasileira.
* Jornalista, membro da coordenação da Rede Democracia e Direitos Humanos (RedeD) e ativista do Movimento Geração 68 sempre na luta.
Foto: Kayo Magalhães/Câmara dos Deputados – Fonte: Agência Câmara de Notícias
Informe-se, para agir com sabedoria:
1 – A Campanha contra a Compra de Votos é uma iniciativa do Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE), da Comissão Justiça e Paz de São Paulo, d’O Candeeiro/Universidade Mútua e da Rede Democracia e Direitos Humanos-RedeD. Esperamos que seja assumida por muitas outras organizações/movimentos e cidadãos e cidadãs, a partir da proposta inicial do ativista histórico pela democracia e outras causas importantes, Chico Whitaker.
2 – Você pode assinar o Manifesto contra a compra e venda de votos e se cadastrar para participar da Campanha no link https://ocandeeiro.org/manifesto-contra-venda-votos/
3 – A reunião do 4 de outubro será das 10:30 às 13 horas. O local da reunião física, em São Paulo, é a livraria Tapera Taperá (Galeria Metrópole, Av. São Luís, 187 – 2º andar, loja 29).
4 – Para participar virtualmente, cadastre-se no e-mail semcompradevotos@gmail.com e receba o link oportunamente.
5 – Você também pode contribuir financeiramente para que a nossa campanha seja bem-sucedida. Vamos precisar montar comitês populares de fiscalização nas 2.600 Zonas/Cartórios eleitorais em que são realizadas as eleições no Brasil. Não é pouca coisa, certo? A chave PIX da Campanha é semcompradevotos@acaoeducativa.org.br.
6 – Assine a iniciativa contra a PEC da BANDIDAGEM em https://samiabomfim.com.br/pecbandidagemnao/; participe dos atos convocados para este domingo, 21 de setembro (em São Paulo será às 14 horas, em frente ao MASP), contra os maus políticos que querem transformar nosso país em uma nau sequestrada e comandada pelos “40 ladrões”; se ninguém está convocando ato na sua cidade, no seu bairro, organize um com amigos, familiares etc. Faça cartazes com papel e pincel atômico. O Brasil é dos brasileiros e não de um punhado de maus políticos, bandidos e vendilhões da pátria!